segunda-feira, 19 de julho de 2010

- Tu és meu irmão! Não é possível como somos parecidos.
- É mesmo? Legal.
- Isso é importante para mim, e não é para ti?
- Sabes não é? O mundo é importante para mim.
- Sei disso, para mim também, mas para encontrarmo-nos precisamos de alguém parecido conosco, concorda?
- Não.
- Por que? Achei que também me amava.
- Amar? Como? Você me conheceu há dois dias cara.
- Mas eu já me entreguei a ti. Sei que és o grande amor da minha vida. Sou teu!
- Eu não vou me entregar, nem conheci-te direito. Vais conhecer mais o mundo, homem! Não prenda-te a mim!
- Mas eu quero prender-me. Sei que posso equivocar-me, mas eu te amo!
- E o que é o amor?
- O amor é quando o encontro de olhares acontece, quando o teu coração dispara perto do ser amado. Meio que Florbela Espanca, que prefere morrer.
- Morrerias por mim?
- Claro!
- Então morra!
- Com todo o prazer.
Sem mais delongas, o rapaz se matou. O outro não acreditou, pensando que era brincadeira, e quando o viu morto não acreditou, e pensou no que ele tinha feito. Por que não dar uma chance? Mais uma vez ele anda pela rua e encontra um velho conhecido:
- Tu? Como vais? E a vida?
- Acabei de matar uma pessoa.
- Eu também.
- Caramba! Tu és meu irmão! Não é possível como somos parecidos.
(ad infinitum)

2 comentários:

  1. Será um prazerparticipar desse projeto.Me sinto lisonjeada.
    Licença concedida.
    Um beijo

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  2. Tu e teus diálogos psicodélicos!
    Monólogos?!...hum...reflexivos!

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