segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Mentiras sinceras,

Àquela moça que finge que não tem nome...

Pra ser sincero eu queria acreditar somente no teu eu-lírico, fazer de conta que isso tudo é só Literatura e gozar das interpretações que por ventura me proporcionas... mas tua vida é poetizada além dos traços... Pra ser sincero minha vontade é deitar tua prosa no meu colo e te afagar a nuca enquanto não falo nada... porque eu não sei dizer, só aprendi à cravar meu verso bem fundo no âmago da tua indecência. Pra ser sincero eu tenho fé em ti, ainda que menina enferma que traz nas veias abertas o gosto de todo o ouro e prata de que foi despojada... Se hoje vejo as tuas costas nuas, rememoro com saudade o mar revolto que te delineia ao dorso... e o remorso de não ter ficado mais tempo ao teu lado, cuidando de ti. Pra ser sincero isto me livraria de ter que ir à livraria pra tomar café. E teus pecados de ortografia não se tratam de deriva secular das línguas ou transmissão irregular, mas do escrever nua, as coisas cruas, paridas ao vento. Falo do verbo querer! Queres com veemência o meu substantivo, sem pronomes, tributos ou pena. Pra ser sincero eu não faço mais que simular com denodo a verdade.

"Na vida tenho muito que dançar
Para aguentar o peso
Pra parar de pensar no erro
Por que você não quer
Ficar tranquila um pouco
Seu rosto é mais bonito rindo"
Música: Otto