terça-feira, 9 de novembro de 2010

Cortejo

Ao teu mundo.
..."tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento"...


À despeito da literaturidade do que é lido sempre é suscitado um tanto de ceticismo... culpa da maldita teoria literária que se propõe analisar toda construção estética como trabalho da linguagem subjugando a mimesis daí proveniente... culpa daqueles malditos eruditos gregos da antiguidade, culpa desses pretensos críticos literários pós-modernos e, neste caso específico, culpa daqueles formalistas russos que enchiam a cara de vodca e lançavam-se a despojar os escritos alheios. Acho que é disso mesmo que eu precisava: um pedido de casamento inesperado, uma fotografia em preto e branco e chegar em casa embriagado em alta madrugada...
Baby, não se precipite, aprendi que literatura é fingimento, cá estou eu a fingir que finjo... "simulacro de efeito estético", despojo dos recursos de semiótica e blá, blá, blá... o teu nome vira pretexto para as minhas entrelinhas, folhas de outono caem nos "espaços do contratempo" e rima a concupiscência outra quimera calcinada.
Dado que nem falei nos deleites que a hermenêutica me permite gozar, neste meu ópio de fingir faço de conta que escreves só pra mim e me sinto único leitor em teu mundo. Tudo bem, eu sei que não é bem assim, sei que tens leitores mais assíduos do que eu, daqueles que vem, não comentam nada sequer, não seguem, mas sempre voltam, espreitos como quem está a fazer algo proibido e se encontram nas tuas linhas, fazem interpretações não demasiado literárias pois sabem que vivem nelas muito mais do que eu. É fogo fátuo que prefiro não acreditar nisso, realidade demais sufoca a poesia, então discorro solitário nos teus versos, passo as mãos nas tuas rimas e vejo elas eriçarem-se pra sentir o que trago em minhas páginas ainda brancas, prefacio a tua prosa bem devagarzinho e depreendo com saliva ao final de cada linha em um movimento concêntrico que irá nos levar à catarsis! Ao final fumamos juntos o cigarro da saudade e declamamos Pessoa, Quintana e Bandeira um pro outro, te vejo dar uma gargalhada de que tudo isso não aconteceu e acho teu sorriso ainda mais bonito. Tu pára o carro na mesma esquina em que me encontrou, nos despedimos com um beijo na testa, teu destino é o litoral enquanto eu espero outro farol ao longe que reduza a marcha, e, ainda parando, uma voz que me chama na janela e pergunta o preço.
♫♪
"Por entre flores e estrelasVocê usa uma delas como brinco
Pendurada na orelha
Astronauta da saudade
Com a boca toda vermelha
Lágrimas negras caem, saem, dóem
São como pedras de moinhos
Que moem, roem, moem
E você baby vai, vem, vai
E você baby vem, vai, vem
Belezas são coisas acesas por dentro
Tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento
Lágrimas negras caem, saem, doem"
♫♪
Foto: Nielle
Texto: Juliano Beck
Música: Jorge Mautner

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Outra vez


 
Escuta...

Quando ele tira minha roupa lembro-me de você, de quanto você gostava de fazer isso olhando em meus olhos... Que lhe faziam pedidos.  E a cada alça caída, peco descaradamente, imaginando você em minha frente... Lembrando que o que eu via na sua pele era vida... Dilatando-se em água e sal.

Preciso falar...

Quero ter você novamente, não tão frágil como agora, quero-te elétrico como nos velhos tempos... Você rosnando em meus ouvidos, mordendo a minha orelha, embolando os dedos em meu cabelo. Quero estar em você sem pedir licença... Lamber os seus mamilos, sentir em minhas palmas cada arrepio seu. Quero sentir você apertar minhas coxas, devorar- me de todas as formas, em  cada gole bebido seu... Faço-me sua. Porque eu sei que você ainda me quer sem vergonha e sem amarras, assim como você gostava de se sentir meu.
Quero te amar porque é a única coisa boa que sei fazer de bom nessa vida. E se você disser que sim, eu largo tudo. Ele, a bebida e todas as drogas que me levam a vontade de viver. Pois, só vou querer morrer em seus braços... E ressuscitar em cada beijo seu.

Espero que ouça essa mensagem... Retorne a ligação. Volte para mim.


Ivana Rodsi  e Carlos Conrado

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Saiba

Eu sei
Você não gosta que eu diga (sinta)
Mas, estou com saudades...
 
Do teu cheiro
Da tua pele
Da tua face.
 
Isso não responde às tuas perguntas
Mas, nem precisa 

Você é o único que sabe...
 
Do meu cheiro
Da minha pele
Na tua carne.

Ivana Rodsi

domingo, 22 de agosto de 2010

sábado, 21 de agosto de 2010

Tu queres o meu querer?





Tu Queres o meu querer?

Quero tuas pernas abertas
Escalando os meus ombros,
Quero beijá-la Xana.

Quero beber o teu suco
Deixar-te em êxtase,
Quero consagrar o teu cálice.

Quero amassar-te os seios e
Oferecer-te minha espada
Para que tu deixes-a segura
Junto à constelação do teu céu.

Quero penetrar-te a fenda e
Tocar-te o intimo, quero
Ouvir o canto de Clitóris.

Quero me entorpecer com o teu grito
Após comer-te as costas,
Quero explorá-la de quatro e
Deixá-la toda torta.

Quero ouvir os teus sussurros
Consumindo todo o prazer,
Quero gozar-te à boca e
Dar-te o que beber.


- Carlos Conrado


01/06/2007

domingo, 15 de agosto de 2010

Duo


 
Sinto o peso do seu corpo
Deslizando suado sobre o meu
No vai-e-vem das minhas curvas
Onde o meu fim é o começo seu.

Acelera o meu pulsar
Sussurrando em meu ouvido
As rimas do seu beijo quente
Entre desejos escondidos.


Um fogo domina meu corpo contido
Uma loucura sem cura domina minha mente
E quando eu já não domino mais nada
Você me domina completamente.


Rendo-me a lascívia de seus apelos
Entregando-me com sede ao desejo voraz
Empenho-me ávida por satisfazê-lo
Descubro que isso é o que me satisfaz.


Ivana Rodsi & Ícaro Olavo

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Quando é que poderei deixar de viver?
Ao parar de pensar
Ao parar de sentir
Ao parar de enxergar
Ao parar de relacionar-me com o mundo
Ao deixar de valorizar o ser humano
Ao parar de sonhar
Ao pensar que o que eu faço sempre é melhor do que o que os outros fazem
Ao tratar a morte e a desgraça alheia com banalidade
Ao acreditar que a morte é a solução para todos os problemas sociais
Quando isso acontecer morri
E acrescento, há mortos que pensam que estão vivos.

Alan S.


O meu sangue é uma cachoeira pronta se preciso for para te banhar.

Quero utilizar a minha carne para te alimentar, assim você saberá

quem sou.

Sou teu,
impalpável,
sem sombra,
o que me restou,

esse sou eu.

Alan S.
Nesses momentos não sou eu
Sou alguém, sou alguma coisa
Posso estar dentro do outro
São tantos os caminhos que me conduzem a isso
A visão, o olfato, a audição, ah! a imaginação
Sou sustentado por ela
Guia-e aonde desejo ir
Fiel escudeira que me livra e me põe diante de quem eu quero e não quero
Sempre será um prazer viajar nessa embarcação
Quando estou nessa jornada esqueço-me de quem eu sou ou de quem gostaria de ser
Eu não existo
A velocidade, o contato, a excitação do momento, a coragem da exposição, a força física...
Quando penso que não conseguirei mais
Que não resistirei
O cansaço grita
Não dá!
Está bom!
Sim
Ejaculei.

Alan S.
“Ah tristeza,

você está mais solitária do que eu.

Quer o meu aconchego,

tenho percebido isso,

tal a sua presença constante

em mim.

Como poderia

um solitário consolar um triste?

Controverso,

incompatível,

descredibilizada relação,

desabilitada pela razão.

Ah vida medíocre e insólita,

mentirosa em suas promessas.

Os seres são iludidos pela conversa fiada que é proferida

por idiotas que trabalham a seu favor.

Quem te disse que podes afirmar por aí

que é fácil viver?

Nunca saberias!

Miserável!

Infame!

Louca!

Burra!

Coxa.”

Alan S.


Maria morreu
Pedro e João também
Paulo, Sérgio, Ruan, Carlos, Filipe, morreram
Katarina tão linda...
André, grande homem, coitado
Eduardo e Eduarda, tão parecidos
Ana e Paula morreram juntas
Os que transavam morreram
Chorando, gemendo, gritando...
Muitos morreram e morreram
Lutaram contra o mundo e contra si mesmos
Tentaram, buscaram, até o fim.
Inês é morta
Joana é morta
João Paulo é morto
Augustus é morto
Césares são mortos diariamente
Morreriam todos um dia
Eu estou vivo mesmo estando morto.

Alan S.

(.)

A VIDA PASSA:
Caixa de Pandora.

Mal-estar, pós-muidezas-modernismos no azul do desejo por ti.

Nem orjut, nem witter.
Só blog-terapia, para libertar os males, Mítica pantomima Microsoft-Bloom.

Que ética?
Me peço silêncio. A ética-do-mal-de-mim-mesmo, enfim.

Danilo Machado

sábado, 7 de agosto de 2010

DE LEIToR!

Lia. Relia. Lia com veemência, relia contrariando a fugacidade dos próprios aspectos cognitivos que não lhe concediam o saber. Mal sabia que o suprassumo era sentir. Repentinamente se desconfiou metaforizado no texto. Num primeiro momento com sutileza, mas após algumas poucas páginas se encontrava perdido. Já não tinha mais a convicção de ser leitor (o ser que lia e relia). Tentou encerrar a leitura, mas não haviam pontos à vista, nem à curto prazo. Somente umas reticências que não lhe diminuíam a aflição. Aqui e acolá alguma vírgula lhe suscitava uma breve, mas vital tomada de fôlego. Tinha indagações, mas não havia tempo para respondê-las. Perguntava-se por quem havia sido escrito. Tinha medo do posfácio (seria o fim de tudo? Ou haveria uma sobrevida na contracapa?). Atordoado, tentou levantar-se e derrubou o acento. Cometeu um grave erro ortográfico e sentiu-se culpado. Depois se eximiu da culpa, pois deveria ela pertencer ao ser que o escreveu. Ao pensar assim sentiu-se lido por outrem. Sua privacidade fora violada. Sentiu nas páginas, cálidas, uns dedos pesados que afagavam-lhe as letras. Uma saliva alheia lhe umedecia as extremidades a cada folheamento. Abria-se e fechava-se, e a cada intersecção era devorado por olhos vorazes. Procurou nas entrelinhas uma explicação, mas nada encontrou. Então olhou para fora de si e perguntou: QUE FAZ AQUI ?

(Juliano Beck)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Duas quadras


Antes que o dia amanheça
Derramando o teu suor
Embriague-se no meu vinho
Dando-me o teu melhor.

Para quando a lua for embora
Você não pense em voltar
Àquela outra cama
Deixando-me a esperar.



Ivana Rodsi



"Pois, você é meu amante, amado, amor..."

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Ouça



O corpo fala

Os olhos gritam
A pele canta
As mãos ensinam


O corpo fala

Os seios dizem
As coxas exprimem
A barriga suplica

O corpo fala

A língua pede
Os pés repetem
O umbigo decora

O corpo fala

A mente insinua
O cheiro exprime
A voz exala.


O corpo fala

Ivana Rodsi

quinta-feira, 29 de julho de 2010

AS VOZES




Sete vozes de louvor a Baco

o Clã da Semana vagueia

nos pubianos pelos da Lua.

Uma nova morada acende

o desejo de sete loucos

acariciando os anéis de Marte.


São sete seres embriagados

com o vinho extraído de uma estrela,

ao som da orquestra cosmopolita

desvairados eles dançam.


São sete bacantes fazendo orgia,

tornando-vos a própria ceia.


São sete elementais iluminados

alimentando este blog de poesia.


-Carlos Conrado -

terça-feira, 27 de julho de 2010

poema_prosaico-em-verso


...
..
.
Danilo Machado

NADA DE... MAS...









(...) Não!








Não aconteceu nada


Nada especial


Não aconteceu nada importante!



NADA DEMAIS!



...Não se iluda com minha aparente alegria.



Estou so(rrindo)...não estou feliz!


Desculpe o barulho



Não se incomode com minha euforia, nem pense que estou bem.


Não procure motivos para minha inquietação e risadas; São só (risos)!


Não aconteceu nada!


Nada... Mas o dia foi um pouco mais suportável!






segunda-feira, 26 de julho de 2010

- Sabes o que se passa por esta cidade? - diz ele.
- Não, não sei. - diz ela.
- Esta cidade é chamada de cidade fantasma.
- É mesmo? Mas não vejo nenhum fantasma por aqui.
- Eles existem. E pode acreditar, são extremamente perigosos.
Neste momento, eles se abraçam e ela começa a chorar como se tivesse acontecido a pior coisa do mundo.
- O que foi meu bebê? Estás chorando?
- Estou... snif... snif... Senti a presença de algo ao meu lado.
- Sou eu que estou aqui.
- Não és tu! É outra pessoa, respirando em meu pescoço.
Até então, não se acreditava em fantasmas e a eternidade deles.
- Fantasmas são pessoas que existiram e que ainda, não conseguiram desvincular-se do mundo material. Elas precisam, ainda estar aqui.
- Não existe fantasmas, não acredito em você.
E sai uma luz branca por trás dele, mostrando toda a sua áurea, e toda a sua identidade: um anjo.
- Meu Deus! Tu és um anjo?
- Sou meu amor! Não te falei antes, pois, iria se assustar, mas agora tenho de ir. Já cumpri o que tinha de ser cumprido.
- E o que era?
E o anjo sai.

sábado, 24 de julho de 2010

PÔR na graFIA.


A palavra que escrevo
é o meu próprio algoz
me entrega nas entrelinhas
entrelínguas ao leitor
me sacia os devaneios
e então cobra o seu valor
Pede o dobro só pra ouvir
o que te “falo
e tu não presta

tem
são
Não! Tu nunca prestou!
Assim como a palavra
que se disputa
Santa porfia
simula orgasmos no papel
pra pôr na grafia
nele é vital ser infiel
Pra te
ver
de
clamar
Toda sem
ana
Vestes
O silêncio da palavra
E se diz
Puta
Escrita
Santa
Mulher.



[Juliano Beck]

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Cinzas-jasMIM


Novamente estou aqui, em seu quarto. O mesmo local dos meus pensamentos, desejos destes últimos meses. Encostamo-nos à parede, você com seu sorriso bobo, envolvido por malícia, confere toda minha saudade recolhida nesses dias. Passando a mão pelo meu corpo atento a toda reação, a cada resposta apalpada dilata-se mais o seu tesão. E eu, entrego-me a cada polegada que você desliza em mim, fitando nos seus olhos negros, digo: − Quero ir até o fim.
− Não fale agora, por favor! Deixe que os nossos corpos se divirtam, eles sim vão se entender, embebedados em lascívia. Calou-me a boca com saliva, mordidas e língua. Sua mão direita envolve meus cabelos e na hora exata puxa-os para trás. Ah! Só você sabe como faz. E isso me deixa louca querendo de você desfrutar. Sem delongas me joga na cama, com seu peso a me esquentar o meu intimo é o seu lugar. Por horas e horas agimos assim, servos um do outro, sem pensar no fim.
Não me lembro à data... Só sei que o seu cheiro ainda está em mim e o meu pensamento lhe visita em lençóis cinzas- jasmim.

Ivana Rodsi


quinta-feira, 22 de julho de 2010

PRAZER


Prazer
Quero brindar contigo
esta poesia condenada
com bons gramas de ópio
e algumas doses de desgraça.
Vês? A noite nos pertence!
Vamos tornar concreto o nosso ato
nada de deixar ensaios mal ditos.
Maldito é o nosso amor.
Somos a personificação dos pesares...

Vai... Deguste meu bem
os vermes que restaram
de uma sociedade esquecida
no canto do teu prato.

Sinta o sabor da intolerância
arder em tua lingua.
Para quê a esperança
se temos carnificina como sobremesa?
Apague estas velas
quero despir-te na escuridão,
gosto do teu corpo enegrecido...

Quero ouvir teus gemidos
enquanto viajo em tuas curvas,
quero ver a agilidade de tuas mãos,
quero o néctar consumido.


Susurres ao penetrar da minha espada.
Entrega-te a volúpia
dedica-te ao ato
e esqueça o coração.


- Carlos Conrado -

Curvado à Baco

Curvado à Baco,
Oferenda ao vento que veio dançar
Na Desmedida do Trago.

Curva das Tormentas

terça-feira, 20 de julho de 2010

Química



...Essa química...
O que pode acontecer se nos misturássemos, reagíssemos uma a outra?

E se essa mistura fosse homogenia, reagisse em pouco tempo, surtindo efeitos balanceados, causando explosões equilibradas, criando cadeias de sensações?

Adoraria ter sua boca suave reagindo ao toque e textura da minha língua, bem como todas as extremidades que compõem toda sua massa...

Adoraria que meu meio tom de pele combinasse ao seu tom vibrante, seu preto longo, enroscasse com minhas ondas claras...

Será que poderia encontrar toda a complexidade de uma tabela periódica, mas no final ter a mais completa cadeia de sabores, odores, cores, sons com direito ainda a combinação astral?

De certo já reagi a você... A pele, o tom, o cheiro...Essa tal de química me deixou por agora, não com saudade, mas curiosa pelo seus efeitos e salivando um doce sabor de quero bis.


P.s.: Química: s.f. Ciência que estuda as propriedades das substâncias, as composições, as reações e as transformações de acordo com leis que regulam essas ações.


Vr. Ironic
20/07/2010

segunda-feira, 19 de julho de 2010

- Tu és meu irmão! Não é possível como somos parecidos.
- É mesmo? Legal.
- Isso é importante para mim, e não é para ti?
- Sabes não é? O mundo é importante para mim.
- Sei disso, para mim também, mas para encontrarmo-nos precisamos de alguém parecido conosco, concorda?
- Não.
- Por que? Achei que também me amava.
- Amar? Como? Você me conheceu há dois dias cara.
- Mas eu já me entreguei a ti. Sei que és o grande amor da minha vida. Sou teu!
- Eu não vou me entregar, nem conheci-te direito. Vais conhecer mais o mundo, homem! Não prenda-te a mim!
- Mas eu quero prender-me. Sei que posso equivocar-me, mas eu te amo!
- E o que é o amor?
- O amor é quando o encontro de olhares acontece, quando o teu coração dispara perto do ser amado. Meio que Florbela Espanca, que prefere morrer.
- Morrerias por mim?
- Claro!
- Então morra!
- Com todo o prazer.
Sem mais delongas, o rapaz se matou. O outro não acreditou, pensando que era brincadeira, e quando o viu morto não acreditou, e pensou no que ele tinha feito. Por que não dar uma chance? Mais uma vez ele anda pela rua e encontra um velho conhecido:
- Tu? Como vais? E a vida?
- Acabei de matar uma pessoa.
- Eu também.
- Caramba! Tu és meu irmão! Não é possível como somos parecidos.
(ad infinitum)

domingo, 18 de julho de 2010



O amor, objeto flexível ao longo de toda sua história
Diferente mas sendo o mesmo do que eu e você sente
Pode assumir a forma que você quer
Pequeno grande acrobata ínfimo digno ordinário, como você o quer?
Está à sua disposição de acordo com a sua posição
Quando agitado pode esvair-se completamente
No estado sólido cuidado
Ladrão de sensações
Sendo ferido, vingativo
Querendo pisá-lo em sua forma palpável e granulada
Fique à vontade
Difícil de destruí-lo
Fácil de perdê-lo
Controlador
Sentidor
Simulador
Cínico
Engana ao mais perspicaz
Criança diante de outra criança
Quando chupado
Que delícia
Tem o sabor de azeitona
Adoro os agridoces
Sabores raros
Mas adaptável e possível
Infinito mesmo sofrendo mortes diárias
Adoro quando geme
Fase boa
Quando penetrado
Geme e agoniza
Grita
Diante de qualquer alma pequena.

Alan S.