domingo, 6 de fevereiro de 2011

Antes que você feche a porta



Odeio sentir isso, mas novamente estou sofrendo. Merda, idiota que eu sou! Sempre esperando alguma coisa de você, torcendo para que o universo conspire ao meu favor e faça você me enxergar. Pura besteira. Pois, você não me vê, não me sente, muito menos tenta me entender.
O tempo passa... Devoro unhas... O cabelo cresce, enrola, o sorriso amarela e você vive. Ah! Como eu quero te matar! Sem deixar vestígios, túmulo e flores. Para mais nunca ter que chegar perto do seu corpo, sentir seu cheiro, olhar em seu olho querendo tocar a sua alma. Acabar com essa medíocre esperança de versos roubados, calados nos soluços dessas madrugadas frias, que me fazem suar pingos de insatisfação. Quero te matar! E que você morra, sem direito a ressurreição! Para que eu possa me livrar de tudo que você espalhou em mim... Varrer todos os cantos, desmontar todas as prateleiras, por fim em todas as gavetas abertas e fotos espalhadas pelas paredes.
Pois eu já te ofereci meu corpo, dando-o como você desejava. Atendi a todos os seus pedidos e mesmo assim você não ficou. Jurei amor, sem olhar para outros. Testei minha paciência quando tudo que queria era um abraço seu, seguido por um vamos para casa. Mas parece que nada disso importa! Quando você sai por essa porta, encontra um mundo melhor do que esse que eu criei... Você demora a voltar. Quando chega, o cheiro que encontro em sua gola é o mesmo que me faz cair em prantos, inspirando laudas borradas de dor, carência e sonho.
Por isso, já marquei o dia! Vou te matar. 
Não duvide disso.


Ivana Rodsi

Saudade II

O tempo passa...
as coisas?
Estas mudam, cegam, surdam...
a gente passa...
mas nem tudo...
eu mudo.
(Porque há palavras que não permitem sinônimos.)