sexta-feira, 30 de julho de 2010

Ouça



O corpo fala

Os olhos gritam
A pele canta
As mãos ensinam


O corpo fala

Os seios dizem
As coxas exprimem
A barriga suplica

O corpo fala

A língua pede
Os pés repetem
O umbigo decora

O corpo fala

A mente insinua
O cheiro exprime
A voz exala.


O corpo fala

Ivana Rodsi

quinta-feira, 29 de julho de 2010

AS VOZES




Sete vozes de louvor a Baco

o Clã da Semana vagueia

nos pubianos pelos da Lua.

Uma nova morada acende

o desejo de sete loucos

acariciando os anéis de Marte.


São sete seres embriagados

com o vinho extraído de uma estrela,

ao som da orquestra cosmopolita

desvairados eles dançam.


São sete bacantes fazendo orgia,

tornando-vos a própria ceia.


São sete elementais iluminados

alimentando este blog de poesia.


-Carlos Conrado -

terça-feira, 27 de julho de 2010

poema_prosaico-em-verso


...
..
.
Danilo Machado

NADA DE... MAS...









(...) Não!








Não aconteceu nada


Nada especial


Não aconteceu nada importante!



NADA DEMAIS!



...Não se iluda com minha aparente alegria.



Estou so(rrindo)...não estou feliz!


Desculpe o barulho



Não se incomode com minha euforia, nem pense que estou bem.


Não procure motivos para minha inquietação e risadas; São só (risos)!


Não aconteceu nada!


Nada... Mas o dia foi um pouco mais suportável!






segunda-feira, 26 de julho de 2010

- Sabes o que se passa por esta cidade? - diz ele.
- Não, não sei. - diz ela.
- Esta cidade é chamada de cidade fantasma.
- É mesmo? Mas não vejo nenhum fantasma por aqui.
- Eles existem. E pode acreditar, são extremamente perigosos.
Neste momento, eles se abraçam e ela começa a chorar como se tivesse acontecido a pior coisa do mundo.
- O que foi meu bebê? Estás chorando?
- Estou... snif... snif... Senti a presença de algo ao meu lado.
- Sou eu que estou aqui.
- Não és tu! É outra pessoa, respirando em meu pescoço.
Até então, não se acreditava em fantasmas e a eternidade deles.
- Fantasmas são pessoas que existiram e que ainda, não conseguiram desvincular-se do mundo material. Elas precisam, ainda estar aqui.
- Não existe fantasmas, não acredito em você.
E sai uma luz branca por trás dele, mostrando toda a sua áurea, e toda a sua identidade: um anjo.
- Meu Deus! Tu és um anjo?
- Sou meu amor! Não te falei antes, pois, iria se assustar, mas agora tenho de ir. Já cumpri o que tinha de ser cumprido.
- E o que era?
E o anjo sai.

sábado, 24 de julho de 2010

PÔR na graFIA.


A palavra que escrevo
é o meu próprio algoz
me entrega nas entrelinhas
entrelínguas ao leitor
me sacia os devaneios
e então cobra o seu valor
Pede o dobro só pra ouvir
o que te “falo
e tu não presta

tem
são
Não! Tu nunca prestou!
Assim como a palavra
que se disputa
Santa porfia
simula orgasmos no papel
pra pôr na grafia
nele é vital ser infiel
Pra te
ver
de
clamar
Toda sem
ana
Vestes
O silêncio da palavra
E se diz
Puta
Escrita
Santa
Mulher.



[Juliano Beck]

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Cinzas-jasMIM


Novamente estou aqui, em seu quarto. O mesmo local dos meus pensamentos, desejos destes últimos meses. Encostamo-nos à parede, você com seu sorriso bobo, envolvido por malícia, confere toda minha saudade recolhida nesses dias. Passando a mão pelo meu corpo atento a toda reação, a cada resposta apalpada dilata-se mais o seu tesão. E eu, entrego-me a cada polegada que você desliza em mim, fitando nos seus olhos negros, digo: − Quero ir até o fim.
− Não fale agora, por favor! Deixe que os nossos corpos se divirtam, eles sim vão se entender, embebedados em lascívia. Calou-me a boca com saliva, mordidas e língua. Sua mão direita envolve meus cabelos e na hora exata puxa-os para trás. Ah! Só você sabe como faz. E isso me deixa louca querendo de você desfrutar. Sem delongas me joga na cama, com seu peso a me esquentar o meu intimo é o seu lugar. Por horas e horas agimos assim, servos um do outro, sem pensar no fim.
Não me lembro à data... Só sei que o seu cheiro ainda está em mim e o meu pensamento lhe visita em lençóis cinzas- jasmim.

Ivana Rodsi


quinta-feira, 22 de julho de 2010

PRAZER


Prazer
Quero brindar contigo
esta poesia condenada
com bons gramas de ópio
e algumas doses de desgraça.
Vês? A noite nos pertence!
Vamos tornar concreto o nosso ato
nada de deixar ensaios mal ditos.
Maldito é o nosso amor.
Somos a personificação dos pesares...

Vai... Deguste meu bem
os vermes que restaram
de uma sociedade esquecida
no canto do teu prato.

Sinta o sabor da intolerância
arder em tua lingua.
Para quê a esperança
se temos carnificina como sobremesa?
Apague estas velas
quero despir-te na escuridão,
gosto do teu corpo enegrecido...

Quero ouvir teus gemidos
enquanto viajo em tuas curvas,
quero ver a agilidade de tuas mãos,
quero o néctar consumido.


Susurres ao penetrar da minha espada.
Entrega-te a volúpia
dedica-te ao ato
e esqueça o coração.


- Carlos Conrado -

Curvado à Baco

Curvado à Baco,
Oferenda ao vento que veio dançar
Na Desmedida do Trago.

Curva das Tormentas

terça-feira, 20 de julho de 2010

Química



...Essa química...
O que pode acontecer se nos misturássemos, reagíssemos uma a outra?

E se essa mistura fosse homogenia, reagisse em pouco tempo, surtindo efeitos balanceados, causando explosões equilibradas, criando cadeias de sensações?

Adoraria ter sua boca suave reagindo ao toque e textura da minha língua, bem como todas as extremidades que compõem toda sua massa...

Adoraria que meu meio tom de pele combinasse ao seu tom vibrante, seu preto longo, enroscasse com minhas ondas claras...

Será que poderia encontrar toda a complexidade de uma tabela periódica, mas no final ter a mais completa cadeia de sabores, odores, cores, sons com direito ainda a combinação astral?

De certo já reagi a você... A pele, o tom, o cheiro...Essa tal de química me deixou por agora, não com saudade, mas curiosa pelo seus efeitos e salivando um doce sabor de quero bis.


P.s.: Química: s.f. Ciência que estuda as propriedades das substâncias, as composições, as reações e as transformações de acordo com leis que regulam essas ações.


Vr. Ironic
20/07/2010

segunda-feira, 19 de julho de 2010

- Tu és meu irmão! Não é possível como somos parecidos.
- É mesmo? Legal.
- Isso é importante para mim, e não é para ti?
- Sabes não é? O mundo é importante para mim.
- Sei disso, para mim também, mas para encontrarmo-nos precisamos de alguém parecido conosco, concorda?
- Não.
- Por que? Achei que também me amava.
- Amar? Como? Você me conheceu há dois dias cara.
- Mas eu já me entreguei a ti. Sei que és o grande amor da minha vida. Sou teu!
- Eu não vou me entregar, nem conheci-te direito. Vais conhecer mais o mundo, homem! Não prenda-te a mim!
- Mas eu quero prender-me. Sei que posso equivocar-me, mas eu te amo!
- E o que é o amor?
- O amor é quando o encontro de olhares acontece, quando o teu coração dispara perto do ser amado. Meio que Florbela Espanca, que prefere morrer.
- Morrerias por mim?
- Claro!
- Então morra!
- Com todo o prazer.
Sem mais delongas, o rapaz se matou. O outro não acreditou, pensando que era brincadeira, e quando o viu morto não acreditou, e pensou no que ele tinha feito. Por que não dar uma chance? Mais uma vez ele anda pela rua e encontra um velho conhecido:
- Tu? Como vais? E a vida?
- Acabei de matar uma pessoa.
- Eu também.
- Caramba! Tu és meu irmão! Não é possível como somos parecidos.
(ad infinitum)

domingo, 18 de julho de 2010



O amor, objeto flexível ao longo de toda sua história
Diferente mas sendo o mesmo do que eu e você sente
Pode assumir a forma que você quer
Pequeno grande acrobata ínfimo digno ordinário, como você o quer?
Está à sua disposição de acordo com a sua posição
Quando agitado pode esvair-se completamente
No estado sólido cuidado
Ladrão de sensações
Sendo ferido, vingativo
Querendo pisá-lo em sua forma palpável e granulada
Fique à vontade
Difícil de destruí-lo
Fácil de perdê-lo
Controlador
Sentidor
Simulador
Cínico
Engana ao mais perspicaz
Criança diante de outra criança
Quando chupado
Que delícia
Tem o sabor de azeitona
Adoro os agridoces
Sabores raros
Mas adaptável e possível
Infinito mesmo sofrendo mortes diárias
Adoro quando geme
Fase boa
Quando penetrado
Geme e agoniza
Grita
Diante de qualquer alma pequena.

Alan S.