quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Soneto


Suster nas mãos a pélvis desvelada/
Violável hímen róseo e orvalhado/
Premer na língua o vinco já molhado/
Preâmbulo do prélio que o aguarda/

Sorver da flor o pólen na aurora/
Conter num instante pênsil o arrebol/
Aurívora vulva à flor do sol/
Jorrar seminal leite na epiflora/

Molímen propulsor deste solfejo/
Talhando uma miríade de ais/
Na lúbrica flor roxa e sem pejo/

Solstícios e equinócios sem iguais/
Botânico e telúrico desejo/
Desabrocha a violeta em pleno cais.



(Juliano Beck)

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